White House (2022)

There is a (white) house in Alentejo, they call the rising sun. Meus amigos, minhas amigas: é virar costas a Lisboa que poucos quilómetros depois da metrópole estás no paraíso gravel nacional: o Alentejo. Vais continuar a bater com a tola nos portões em Sintra? A enterrar a roda no Meco? Não sejas Trump! Por aqui a 'gravilha' é de qualidade. A Estrada da Canada está seguramente no Top 10 dos melhores troços 'gravel' de Portugal. Estes 15 quilómetros de divertimento garantido estão logo ao sair da suite presidencial. A rota ultrapassa os 80 quilómetros e tem aproximadamente 700 metros de acumulado. O ponto de partida/chegada está localizado em Casa Branca, junto à estação ferroviária. É um pulinho de Intercidades a partir de Lisboa: uma hora e um quarto. Também há um ponto de partida/chegada alternativo com ligação a Montemor-o-Novo via ecopista do Montado. 

A avaliação dos setores 'gravel' merece, nesta rota, a pontuação máxima: cinco estrelas. Troços suaves como manteiga e os calhaus estão em vias de extinção para estes lados. Sequentemente, o índice de divertimento é igualmente top! O contacto com algumas estradas nacionais apenas não permite que o nível de segurança tenha classificação semelhante aos critérios enunciados. A rota atravessa algumas herdades com cancelas*, mas as louváveis iniciativas da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, assim como do Grupo de BTT local fizeram com que exista uma harmonia e articulação positiva entre os proprietários e os cicloturistas/caminhantes. A 'White House' é um bom manual de abandono de uma vida banal, especialmente se o alcatrão ainda é a tua zona de conforto. Também é uma boa proposta de arranque de época, seja para desenferrujar, seja para ajudar a queimar os pneus (não, não me referia aos da bike).

* A rota intersecta e atravessa propriedades privadas através de caminhos que interligam vias de utilização pública. A legislação é omissa e pouco clara quanto à utilização destes caminhos. Do ponto de vista dos proprietários, importa preservar e assegurar o desempenho de várias atividades - como a criação de gado e a produção agrícola/florestal. De uma perspetiva pública e a favor do bem comunitário, importa não condicionar e obstruir a mobilidade no território. Muitas destas herdades ocupam vários hectares de área, sendo que, por vezes, é necessário percorrer dezenas de quilómetros para as contornar. Na nossa perspetiva - reforçada por exemplos de casos mediados pelas autoridades - trata-se de uma questão de bom-senso de ambas as partes. Muitos proprietários estão sensibilizados e facilitam a passagem aos ciclistas, desde que se cumpram algumas normas básicas: qualquer cancela aberta deve, após passagem, ser imediatamente fechada; é imperativo não deixar qualquer tipo de lixo (tal como, em qualquer lugar) e de vestígios orgânicos; a passagem ser efetuada o mais rapidamente possível; não importunar os animais. 

Na presente rota, os três casos de atravessamento de herdades são bastante pacíficos. Para além de não existirem avisos de propriedade privada (que é um indicio de inexistência de hostilidade quanto  à presença de ciclistas), os troços englobam rotas BTT e pedonais promovidas pela Câmara Municipal de Montemor-o-Novo.